quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Meu último suspiro

Tenho medo de sair de casa
Os tiros cortam o ar e o barulho
Ah, o Barulho. Ainda não acostumou com ele?
As pessoas correm, berram, choram.
Os tiros cortam o ar e o ar espalha o Barulho.
Minhas crianças não dormem mais,
não comem mais, não brincam mais.
Sob os cobertores, tremem.
É difícil. Nossos Senhores nos impõem árduas regras.
Apavoram. Desobedeceste e encontrará os olhos cruéis do chefe,
enquanto os seus se aguarão de lágrimas.

Onde estão os bons democratas?
Quem matará nossa sede? Nossa fome?
Quem nos livrará do terror?

Eles caminham. Lado a lado.
As armas que eram para livrar-nos deles
agora são para eles se livrarem de nós.
Suas mochilas estão cheias.
Eles vão "trabalhar". Vão vender a morte com seus produtos.
O Leite acabou. Não posso sair de casa.
Não chove. Vamos morrer todos.
Dentro ou fora de casa. Enquanto a casa ainda existir.
Os Senhores vão tomar posse de tudo que demoramos conseguir.
Suas balas de prata são brinquedos em suas mãos.
É o nosso fim.
Não vou estar aqui amanhã para contar o fim dessa história.
Vou encontrar os olhos cruéis do chefe
para que os meus se aguem de lágrimas,
Até o meu último suspiro.

Autora: Larissa F. Porto




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