Sorridente, ao nascer do dia
ele sai de casa com sua rede.
Vai caçar borboletas, mas fica preso
à frescura do rio que lhe mata a sede
ou ao encanto das flores do prado.
Vê tanta beleza a sua volta
que esquece a rede em qualquer lado
e antes de caçar já foi caçado.
À noite, regressa a casa cansado
e estranhamente feliz
porque sua caixa está vazia,
mas diz sempre, suspirando:
Que grande caçada e que belo dia!
Antes de entrar, limpa as botas
num tapete de compridos pêlos
e sacode, distraido,
as muitas borboletas de mil cores
que lhe pousaram por todo corpo, ombro e cabelos.
Por: Àlvaro Magalhães
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